20060627

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FUTEBOL 1 

Não tenho postado nada no blog porque tenho dedicado completamente o meu tempo livre ao percurso estonteante de Portugal no Mundial da Alemanha de 2006. Sim, porque eu amo futebol, sou apaixonado pela Académica, venero a selecção e cresci a sofrer verdadeiramente com as nossas vitórias e nossas derrotas dentro das quatro linhas (antes estas em maior número que as outras, mas agora aquelas estão em crescendo – estamos para já em 7º no ranking da FIFA com perspectivas de subir e alcançámos pelo somatório das vitórias na Alemanha o 19º lugar das participações em mundiais, trepando 7 lugares).

Nasci português e cresci com os olhos na bola guiada por jogadores vestidos de vermelho velho e verde vivo. Nascesse brasileiro e seria incondicionalmente canarinho e em vez de ter crescido com a bola toda adentro dos olhos e pregada ao coração teria nascido já com ela no berço a balançar ou com ela como apêndice dependurada dos pés, sujeita e presa ao corpo que a embala por um invisível cordão mais que umbilical. Os brasileiros são os deuses do futebol do Olimpo terreno, só eles fazem vibrar plenamente todos os amantes do desporto rei, rainha, imperador e imperatriz (o único verdadeiramente mundial) com as suas façanhas de bola peléguiada passíveis de fazer acreditar que o jogo é extraordinariamente simples e puro! O futebol praticado pelos melhores futebolistas brasileiros e não o futebol brasileiro (há que demarcar a diferença) é intuitivo e fenomenal e onde quer que eles estejam eu os apoiarei, exceptuando, claro está, quando jogam com Portugal.

Se os brasileiros são os deuses, nós tugas, somos os santos adeptos que seguram a bandeira com sofreguidão tal que quase a rasgam em desespero por este novo sebastianismo que espera por novas e frescas vitórias guerreiras, mas agora dentro das regras do esperado desportivismo. Nós levamos ao extremo o significado da cor mais fria desse nosso símbolo que se desfralda e a outra cor não interessa nomear pois já secou e estancou e não se pretende recuperada.

Apontamentos estatistico-futebolísticos (outra das minhas paixões):

Alemanha 2006 é o quarto mundial em que Portugal participa. Os outros foram 1966, 1986 e 2002.

É interessante reparar neste retorno cíclico de vinte em vinte anos sendo a presença na Coreia-Japão a ovelha ronhosa da tendência (e assim o é/foi duplamente).

Em 2002 nem as santinhas do Oliveirinha nos valeram. Em 1986 fomos o Togo do México.

Em 1966 fomos às meias mas então não houve oitavos, pelo que neste mundial quase que igualámos a caminhada dos magriços contemporâneos – falta uma vitória para igualar a posição (meias finais) e o número de vitórias (5). A última vitória de 66 foi pelo 3º lugar contra a Rússia do soberbo Yashin.

E também em 66 ganhámos ao Brasil por 3-1 na nossa única confrontação em fases finais de mundiais e caímos apenas perante a confiante e caseira Inglaterra dos Charlton, os tais herdeiros dos anglos e dos saxões que iremos novamente defrontar 40 anos depois de 66 e 20 depois de 86 – aqui com vitória, pelo que estamos igualados nos resultados. 

Em conclusão

Vou continuar a apoiar fervorosamente a selecção e vou sofrer como todos no próximo sábado. Se não ganharmos que ganhe a Espanha que pratica um futebol de semideuses a meio caminho entre Portugal e Brasil e se não ganharem os apelidados de nuestros hermanos que ganhe então o escrete do nomeado povo irmão.