20050901

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TEXTO A QUATRO MÃOS

Índice a um ensaio: 
1, por L., da natureza verde; 
2, por Rafael, sobre a humana natureza e 
3, por ambos os acima mencionados, em jeito de conclusão e combinando os pontos anteriores.

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1
Tanta planta e animal, muitos bichos entre erva e outros mergulhados na água. Vastos prados de múltiplas cores e profícua fauna, herbívoros e carnívoros em equilíbrio necessário. Densas selvas com fugidios vultos vivos e perigosas feras. Zonas áridas de deserto enxutas de precipitação mas cheias de vida, com fecundos oásis. E Savana e taiga e deserto e sapal e florestas diversas e selva e gelo polar.

Esta é a imensa Natureza que me anima, a tal de Mãe Natureza, a que alguns se referem – cerimoniosamente, com carinho – de Gaia. A venerada veneranda deusa terra ou Mãe-Natureza, vulnerável e cruel.

Sempre que a idealizo a vejo verde por nestes prados ter nascido e ainda viver, mas a paleta de cores é infinita e impossível de abarcar por estes olhos desabituados. Contento-me em recordar animais de tiro lavrando revolvendo leiras castanhas, ares estrumados de saúde, gente alegre apascentando gado, pinheiros altos de pinhas cheias e com pinhas caindo, carvalhos e sobreiros. Aqui já houve lobos, linces e ursos, mas desses, infelizmente, cuidámos nós – rompendo a estabilidade natural.

Tudo isto faz parte deste Éden terreno para nós preparado pela santa evolução, fauna e flora.

2
Assumo-me como apreciador da natureza humana. Melancolias e alegrias são o pulsar das gentes, que se abatem e animam sempre e alternadamente. É este comportamento mesmo como uma onda hertziana, ondulando contínua e violentamente em altos e baixos de cristas e depressões.

O ser humano também é incapaz de se dobrar honesta e espontaneamente tal como espiga de trigo ao vento, obrigada a pender em respeito – se o faz, fá-lo em falsidade e não o fará de livre moto.

Da inconstância do comportamento somado à dificuldade do ser humilde temos duas das principais características humanas do homem; as sobrantes são quase todas traços do ainda (puro) animal que somos. E se somos racionais é por vivermos em racionalidade, ou seja, por estarmos entre e nos darmos com outros. Os comportamentos desviantes deflagram precisamente pela falta de socialização.

Somos emotivos, conflituosos e competitivos, procuramos o melhor mesmo que à custa do outro e mesmo que praticando algo de condenável – só condenado por quem vê – pela arte da dissimulação. 

Se aprecio a natureza humana é precisamente pelos seus humores imprevisíveis que sempre me apanham, deliciado, em sobressalto!

3
Fundindo fundindo-nos, mesclando as nossa ideias, fazemos que o homem também é delicado nenúfar e voraz planta carnívora, ambiciosa planta trepadeira e suave musgo, tanto é pacato preguiça como ávida rapina, aproveitador urubu e interesseira hiena, individualista chita e companheira piranha, calculista aranha e trabalhadora formiga, desinteressante galinha e brilhante golfinho. Tudo e muito. Muito mais.

O homem é a imagem da natureza e nós revemo-lo nela. Simbiose perfeita, não o podia deixar de ser, o homem é mais um animal plantado neste astro sobrevivendo (e sobreveio).

LiRa

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