20080126

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7 ANOS APÓS O FIM DO MUNDO

Num bar apinhado apinhado espero pela palavra do outro que me acompanha, em conversa solta de toma lá dá cá. Passam sete anos desde o fim do mundo e neste bar cospem-se palavras em conversas resumidas de fundo de copo, corpo seco, corpo copo, copo mundano, tocando-se as letras e as frases e as palavras, roçando ao de leve pela boca e língua, pairando sobre a cerveja loira, chocando com outras palavras no ar – que são muitas no meio de tanto ruído, perdendo-se algumas, misturando-se outras, entaramelando o discurso confuso – e apartando-se no ouvido da companhia querendo ser ouvidas. Se passassem só três após o fim do mundo seria igual e não menos trapalhão, conversar assim no meio do caos!

Estou num lugar de passagem e não existe nada mais incómodo do que estar num bar num ponto de escape! Sou mil vezes tocado e reconhecido por carteiras e cotovelos em assalto de saída, mil vezes brota no meu pé o peso de outro calcando em decalque sem desculpas e ainda sou vitaminado inúmeras vezes por líquidos em sobressalto! Que merda, não poderia estar mais pacífico sem toque de bruto como se estivera em casa? 

Sete anos após algo de apocalíptico que tinha ou não que acontecer eis que este Doutor Divago tenta tudo colocar e catalogar e explicar por palavras e letras soltas. Estou demasiado cansado hoje para ser provocatório, provo-me no chão do colchão acompanhado por esta ninfa provocante – devoro-a infinito!

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Foto - noite branca no Bairro Alto, Lisboa

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